Feira da Visibilidade Trans e Travesti acontece na UFSCar
Eduardo Sotto Mayor - Publicado em 23-01-2023 13:00
Para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans (29/1), acontece nesta sexta-feira, dia 27 de janeiro, a 1ª Feira da Visibilidade Trans e Travesti da UFSCar. A programação do evento, protagonizado e produzido por pessoas trans, traz apresentações culturais, com música, dança, poesia, exposições artísticas e de fotografias e muito mais. A Feira acontece a partir das 16 horas na Área de Convivência (palquinho), Área Sul do Campus São Carlos da UFSCar. A participação é gratuita.
A 1ª Feira da Visibilidade Trans e Travesti da UFSCar é promovida pelo Grupo de Trabalho (GT) "Transformar", composto por estudantes trans, servidoras e servidores trans, e outras pessoas trans da comunidade universitária. O coletivo, que se caracteriza como espaço de acolhimento e articulações, tem levantado dados, realizado debates e ações em torno das demandas e das necessidades relacionadas à permanência estudantil, promoção da saúde integral e cumprimento de direitos, dentre outros temas. O evento também tem o apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (ProACE), da Secretaria Geral de Ações Afirmativas, Diversidade e Equidade (SAADE) e do Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-Administrativos da UFSCar (SintUFSCar).
Infelizmente, o Brasil continua sendo o país que mais mata pessoas transgênero, transexuais e travestis do mundo. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 140 pessoas trans foram assassinadas em 2021. Além disso, a naturalização da marginalização dessa população é uma realidade nacional, com a grande parte de transexuais, transgêneros e travestis vivendo em condições de exclusão social, com pouco acesso a educação, saúde, emprego formal e políticas públicas que atendam às suas necessidades. De acordo com Ângela Lopes, integrante do GT Transformar e uma das organizadoras da Feira, passa pela universidade pública, gratuita e de qualidade, mudar essa realidade.
"O acesso à educação é fundamental para resgatar a cidadania, a dignidade e para as pessoas trans terem a possibilidade de reescrever suas histórias, numa sociedade que as subjuga à condição de desumanidade. A UFSCar tem sido um espaço de acolhimento para aqueles que desejam construir novas perspectivas. As pessoas trans são instrumentos potentes de criação em todas as áreas em que se inserem. É necessário que se desenvolvam políticas e ações que naturalizem a presença dessas pessoas. A Feira é uma possibilidade de valorizá-las, estimulando as suas criações. São homens e mulheres trans e pessoas não-bináries construindo novas narrativas sobre nós, ocupando o palco com arte", afirma.
A Feira de Visibilidade Trans e Travesti faz parte da campanha "Transformação", lançada pela UFSCar na última sexta-feira. A iniciativa traz uma série de ações que serão desenvolvidas em conjunto com as pessoas transgênero, transexuais e travestis da Universidade. A campanha é composta por diferentes ações educativas, de conscientização, além de iniciativas que dão visibilidade e protagonismo para as pessoas trans dentro da UFSCar. Nos canais oficiais da UFSCar nas redes sociais e também nos veículos institucionais da Universidade, foi publicado o primeiro vídeo de uma série de depoimentos com integrantes trans da comunidade acadêmica, além de profissionais trans formados na Instituição. O lançamento aconteceu na reunião do Conselho Universitário, o Consuni, em uma sessão histórica, quando Ângela Lopes, mulher trans, foi empossada como integrante do Conselho. Em mais de 50 anos de história da UFSCar é a primeira vez que uma pessoa trans tem assento no maior órgão deliberativo desta instituição. O vídeo com o depoimento na íntegra está disponível no Instagram UFSCar Oficial e no YouTube.
Já nesta semana, a UFSCar lança uma outra série de vídeos educativos sobre sexualidade e gênero. Os conteúdos abordam os assuntos de forma didática, como a diferença entre sexualidade e gênero, a diferença entre cisgênero e transgênero, o que é intergênero e o que é não binárie. Os vídeos ainda vão falar sobre temas importantíssimos como respeito ao direito pelo nome social e ao uso do banheiro, além do histórico da comunidade englobada na sigla LGBTQIAPN+.